Mario Osorio Magalhães, trineto de Manoel Luis Osorio é hoje historiador e colunista num jornal da cidade de Pelotas. Confira abaixo um texto publicado no Diário Popular de Pelotas, de autoria de Mario falando sobre o trisavô:
"Garanto ao leitor que, para mim, o fato de ser trineto de Osório não se compara, nem de longe, com o peso que representa, para a cantora Maria Rita, a circunstância de ser filha de Elis Regina... Enquanto que, no seu caso, as aproximações têm sido recorrentes, e até inevitáveis - pela modulação da voz, pela forma de gesticular no palco -, jamais cobraram de mim, nem mesmo em âmbito doméstico, que tivesse um dia coragem, por exemplo, para matar aranhas, ou baratas, com o mesmo ímpeto do Centauro dos Pampas ao enfrentar os paraguaios!
[....]
Sabia, é claro, que o prestígio nacional de Osório se mantinha de pé, mas sobretudo no âmbito das Forças Armadas -mais especificamente, do Exército. Por outro lado, também sabia que, na memória da sociedade, esse prestígio estava longe de corresponder à fama - à imensa fama - de que ele usufruiu, por algum tempo, em vida. (Quando retornou do Paraguai, por exemplo, foi homenageado no Recife, e teve que se indispor, educadamente, com a população, que desamarrara e soltara os cavalos para poder, revezando-se, conduzi-lo em sua carruagem.) Mas compreendo que isso é natural: a morte, a passagem do tempo, a distância dos acontecimentos, só fazem arrefecer, no povo, o que se chama hoje de tietagem: o culto aos seus mitos, aos seus ídolos, aos seus heróis.
Só que cheguei agora a uma nova conclusão, diante de tantas manifestações, todas elas, sem nenhuma dúvida, espontâneas e desinteressadas: onde a lembrança de Osório permanece realmente viva, seja dentro do círculo militar, seja dentro da sociedade civil, é nesta parte mais meridional - e também a mais emblemática do Rio Grande do Sul.
O que, estou certo, deve deixar o general Osório, afinal de contas - se acaso sabe disso -, recompensado e feliz. Apesar de haver nascido, em 1808, no litoral norte da recente Capitania -Geral de São Pedro, e embora assistisse à consagração do seu nome, durante o Segundo Reinado, no Brasil inteiro, o lugar onde viveu a maior parte do tempo, onde a maior parte do tempo lutou, onde sonhou, criou seus filhos (e onde quis ser enterrado), foi mesmo aqui neste chão, nesta terra em crise -que a gente orgulhosamente denomina de região da Campanha. "
[....]
Sabia, é claro, que o prestígio nacional de Osório se mantinha de pé, mas sobretudo no âmbito das Forças Armadas -mais especificamente, do Exército. Por outro lado, também sabia que, na memória da sociedade, esse prestígio estava longe de corresponder à fama - à imensa fama - de que ele usufruiu, por algum tempo, em vida. (Quando retornou do Paraguai, por exemplo, foi homenageado no Recife, e teve que se indispor, educadamente, com a população, que desamarrara e soltara os cavalos para poder, revezando-se, conduzi-lo em sua carruagem.) Mas compreendo que isso é natural: a morte, a passagem do tempo, a distância dos acontecimentos, só fazem arrefecer, no povo, o que se chama hoje de tietagem: o culto aos seus mitos, aos seus ídolos, aos seus heróis.
Só que cheguei agora a uma nova conclusão, diante de tantas manifestações, todas elas, sem nenhuma dúvida, espontâneas e desinteressadas: onde a lembrança de Osório permanece realmente viva, seja dentro do círculo militar, seja dentro da sociedade civil, é nesta parte mais meridional - e também a mais emblemática do Rio Grande do Sul.
O que, estou certo, deve deixar o general Osório, afinal de contas - se acaso sabe disso -, recompensado e feliz. Apesar de haver nascido, em 1808, no litoral norte da recente Capitania -Geral de São Pedro, e embora assistisse à consagração do seu nome, durante o Segundo Reinado, no Brasil inteiro, o lugar onde viveu a maior parte do tempo, onde a maior parte do tempo lutou, onde sonhou, criou seus filhos (e onde quis ser enterrado), foi mesmo aqui neste chão, nesta terra em crise -que a gente orgulhosamente denomina de região da Campanha. "
Mario Osorio Magalhães
Diário Popular de Pelotas,
12.10.2003
por GERSON ASTOLFI
1 Comentários, confira!:
Trineto de Osorio me lembra Quarteto de Osorio, não sei porque...Mas eu achei bem legal essa matéria...
Postar um comentário